A Batalha começa agora

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Capítulo #14

- Paciente com perna quebrada, dor, febre e possivelmente alguns delírios. Qual o diagnóstico doutor?

- A perna quebrada causa a dor, a lesão provoca o estímulo de glóbulos brancos, o que pode explicar a febre, e isso não resulta os delírios... Você é maluca.

Liah e Conrado riem. Ela acordou do desmaio, mas já estava sob a vigia do garoto há algumas horas.

- Isso tem tratamento?

- A loucura não. Mas todo o resto sim, com um poder de cura que minha paciente me ensinou, mas que eu ainda não aperfeiçoei.

- Então é bom ser perfeito o suficiente. Um erro e me deixará aleijada. Isso é sério.

- Por que vocês todos estão sempre me colocando sob pressão.

- Por que você aguenta.

Os dois se olharam, sorrindo.

Não muito distante dali, o coelho conversava com o lobo.

- És triste no? Morrer assim sem las últimas palavras. Sem deixar nada para trás a no ser las lembranças.

- Ele morreu no cumprimento do dever. Ele é um herói. Acha que isso muda alguma coisa pra essas pessoas daqui? Nem o conheciam. 

- Era importante para nosotros. 

- Por quê você não cala a boca?

- Eramos tres, agora somos dos. Continuamos, és isso que devemos hacer. Não mudou  nada por que a guerra continua. Vamos honrá-lo, vencer por el ninõ.

- Acho que quero ficar sozinho. - disse Efito e saiu. O coelho permaneceu falando sozinho.

- Entõ somo uno? Ei El Lobito!!... Yo creio que ahora estoy só.

***

- Ainda dói um pouco. - reclamou Valquíria.

- Que droga onde está Conrado? - Irritou-se o rei.

- Desde quando ele se tornou o curandeiro oficial daqui? - Perguntou Morgana.

- Este garoto é incrível. É uma esponja, ele é capaz de absorver qualquer técnica que ensinarem para ele. Um dia será mais forte que todos nós.

- Se duvidar, já é.

- Eu quis dizer mais forte que todos nós juntos. - Disse Babar com um sorriso para sua esposa enquanto Morgana ficou pensativa. Talvez ele tivesse razão.

- Morgana eu preciso que você desfaça o feitiço de petrificação de Marina.  Eu já falei com ele, e não vai faze-lo.

- Mas eu sou sua mestra. Basta uma ordem e...

- Não, por favor. Ele tem princípios. Marina pode ser uma traidora, mas não nos serve de nada se for um pedaço de pedra qualquer. Precisamos de respostas.

- Ele usou mais de mim feitiços para conseguir isso.

- Então sugiro que comece logo. É mestre dele, deve levar metade do tempo.

Morgana fica constrangida. Mas aceita a ordem e se despede. Valquíria, que apenas observava o diálogo dos dois pergunta a Babar:

- O que está pensando meu amor?

- Eu falhei... por minha culpa perdemos Panda.

- Panda morreu em campo. Perdemos soldados em guerra. Uma fatalidade.

- Não tente me fazer sentir melhor. Isso não vai acontecer. Não era um soldado, Val. Era um membro de nossa família. O Mundo Fafito.

- O Mundo Fafito não é uma família, é um lugar.Vencemos os inimigos por estar perto da Pedra de Gêmeos. Se tivéssemos levado-a conosco, não conseguiríamos derrotá-los na segunda tentativa.

- Então eu errei na estratégia, o que evidencia ainda mais a minha culpa.

- Sempre tivemos ministros de guerra. Excalibur, e agora Marina. Não é o seu forte, meu bem, se martirizar não vai resolver os problemas.

- Eu sei. Se tudo é tão lógico amor, por que vocês tentaram de novo? Qual a chance de dar certo se estavam mais cansados, mas feridos?

Valquíria não respondeu.

Babar olhou para o alto e completou:

- Por que acreditaram que ia dar certo, por isso tentaram novamente. Não sabiam que o Quartzo Azul estava por perto. Fizeram isso por vocês mesmos, é essa a magia do Mundo Fafito.

Conrado entrou na sala com Juanito.

- Desculpem a demora.

- Tudo bem. Como se sente Juanito?

- Muy bien. Ahora faço parte da equipe médica.

- Ensinou o poder de cura para ele? - Perguntou Valquíria surpresa para Conrado.

- Não. Eu curo e ele supervisiona. - disse com estranheza.

O coelho sorriu.

- E onde está Liah? Precisamos que curem Morgana. Eu passei uma missão para ela, e precisa estar em boas condições para executa-la.

- Vá cura-la primeiro Conrado. Eu aguento mais um pouco.

- Ela já está vindo, majestade, e se me permitem gostaria que Liah cuidasse da Mestre. Ainda não estamos muito bem.

Babar e Valquíria se entreolharam. 

***

Um pouco antes disso, Conrado ainda estava com Liah que conversava enquanto ele a curava.

- Conrado... eu acho que tem um garoto gostando de mim.

- Ah Lili... Excalibur não gosta de ninguém.

- Não! Não to falando daquele idiota.

- E então?

- Olha, desculpe me abrir com você, nem sei se entende essas coisas. - Disse ela com o olhar de reprovação do menino. Ela continuou. - Mas Valquíria, coitada, é a rainha. Está cheia de problemas. E Morgana é fria demais para falar sobre isso. Ela ia me achar uma idiota.

- Ela me acha idiota também e eu nunca conversei sobre meu coração. Mas enfim, você gosta dele? Achei que gostasse do dragão bad boy.

Liah corou.

- Ele é legal e bonito também... - risos. - Se preocupa comigo.

- Excalibur também se preocupa.

- Ele não dá a mínima. Fica me ignorando por que tem 600 anos a mais do que eu.

- Você está vermelha? - disse ele rindo.

- Por que todos tem um problema quanto a minha cor? Racismo dá cadeia, sabia?

- Não, não é isso. Tinha planos para nós dois, assim, quando eu crescesse.

- Hiiiiiii vai demorar.

- Não tem 600 anos a mais do que eu.

- Agora você tem concorrentes... Mais que um.

- Tenho vantagem sobre os dois. - Respondeu ele confiante e Liah ficou curiosa. - Imagino que queira ter filhos e bem, não vai dar. Coruja, dragão, coruja, cachorro, não cruza sabe?

- Não é um cachorro, é um lobo e eu posso me contentar com as lambidas.

- É melhor mudar de assunto. Me conta uma daquelas histórias sobre humanos que acreditavam em anjos e demônios.

- Por quê quer mudar de assunto?

- Por que seu affair está vindo aí.

- Como ela está?

- A minha pata... - gemeu Liah com preocupação.

- O que tem? Não está mexendo? - Perguntou Conrado, aflito.

- Está ótima!!- disse ela sorrindo, deixando Conrado bravo e Efito feliz.

- Achei que queria ficar sozinho amigo!! - Questionou Juanito.

- Quando disse sozinho, quis dizer sem você. Por que me seguiu?

- Yo fiquei preocupado com usted.

- Vem Juanito. Quando disse sozinho, ele quis dizer a sós... com ela.

- Mas...

- Vamos, eu deixo você ser meu assistente na equipe médica. - Insistiu Conrado e o coelho respondeu:

- Arriba!! Sí!! Mas só se yo for lo supervisor.

Conrado faz cara de desanimado, mas concorda. Quando saem, o coelho diz para Liah:

- El Efito adora los biscoitos.

- SAI DAQUI!! - Grita Efito enquanto os dois saem rindo e correndo.

Liah deitada, sorri e pergunta:

- Gosta de biscoito?

Sem graça, o lobo responde.

- Sim...

- É... eu também.

Os dois sorriem meio bobos.

- E a pata, tá boa mesmo?

- Quer que eu te mostre?- diz ela apontando as garras.

- Pode ser, eu gosto de carinho.

- Por que tratou seu amigo mal?

- Pois é, viu como ele ficou magoado?

- O fato de não demonstrar não significa que ele não sente. Talvez essa euforia seja apenas para esconder que ele sente tanta dor por perder o amigo quanto você.

Efito ficou calado. Deitou-se com a cabeça sobre as patas da frente. Liah se levantou e sentou-se sobre as patas ao lado dele.

- Perdeu um amigo.. não deve ser fácil. Não que...

Ela foi interrompida pelo lobo que levantou e lhe deu uma lambida do pescoço até a cabeça.

- Ai... - risos. - Por que fez isso?

- Não sei... deu vontade.

- Você é meio instável. - disse ela esfregando a asa no pescoço.

- E isso é um problema?

- Gosto de estar perto de você... Se esse é o preço...

Então se abraçaram.

Apesar daquele momento de calmaria, todos no fundo sabiam que as coisas não estavam nada bem.

Por hora o rei tinha conseguido tempo. Era importante, mas não tinha ideia do que fazer caso os soldados do Mundo dos Sonhos invadissem suas terras novamente. E mais preocupante do que 'se' era 'quando.'











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