- Paciente com perna quebrada, dor, febre e possivelmente alguns delírios. Qual o diagnóstico doutor?
- A perna quebrada causa a dor, a lesão provoca o estímulo de glóbulos brancos, o que pode explicar a febre, e isso não resulta os delírios... Você é maluca.
Liah e Conrado riem. Ela acordou do desmaio, mas já estava sob a vigia do garoto há algumas horas.
- Isso tem tratamento?
- A loucura não. Mas todo o resto sim, com um poder de cura que minha paciente me ensinou, mas que eu ainda não aperfeiçoei.
- Então é bom ser perfeito o suficiente. Um erro e me deixará aleijada. Isso é sério.
- Por que vocês todos estão sempre me colocando sob pressão.
- Por que você aguenta.
Os dois se olharam, sorrindo.
Não muito distante dali, o coelho conversava com o lobo.
- És triste no? Morrer assim sem las últimas palavras. Sem deixar nada para trás a no ser las lembranças.
- Ele morreu no cumprimento do dever. Ele é um herói. Acha que isso muda alguma coisa pra essas pessoas daqui? Nem o conheciam.
- Era importante para nosotros.
- Por quê você não cala a boca?
- Eramos tres, agora somos dos. Continuamos, és isso que devemos hacer. Não mudou nada por que a guerra continua. Vamos honrá-lo, vencer por el ninõ.
- Acho que quero ficar sozinho. - disse Efito e saiu. O coelho permaneceu falando sozinho.
- Entõ somo uno? Ei El Lobito!!... Yo creio que ahora estoy só.
***
- Ainda dói um pouco. - reclamou Valquíria.
- Que droga onde está Conrado? - Irritou-se o rei.
- Desde quando ele se tornou o curandeiro oficial daqui? - Perguntou Morgana.
- Este garoto é incrível. É uma esponja, ele é capaz de absorver qualquer técnica que ensinarem para ele. Um dia será mais forte que todos nós.
- Se duvidar, já é.
- Eu quis dizer mais forte que todos nós juntos. - Disse Babar com um sorriso para sua esposa enquanto Morgana ficou pensativa. Talvez ele tivesse razão.
- Morgana eu preciso que você desfaça o feitiço de petrificação de Marina. Eu já falei com ele, e não vai faze-lo.
- Mas eu sou sua mestra. Basta uma ordem e...
- Não, por favor. Ele tem princípios. Marina pode ser uma traidora, mas não nos serve de nada se for um pedaço de pedra qualquer. Precisamos de respostas.
- Ele usou mais de mim feitiços para conseguir isso.
- Então sugiro que comece logo. É mestre dele, deve levar metade do tempo.
Morgana fica constrangida. Mas aceita a ordem e se despede. Valquíria, que apenas observava o diálogo dos dois pergunta a Babar:
- O que está pensando meu amor?
- Eu falhei... por minha culpa perdemos Panda.
- Panda morreu em campo. Perdemos soldados em guerra. Uma fatalidade.
- Não tente me fazer sentir melhor. Isso não vai acontecer. Não era um soldado, Val. Era um membro de nossa família. O Mundo Fafito.
- O Mundo Fafito não é uma família, é um lugar.Vencemos os inimigos por estar perto da Pedra de Gêmeos. Se tivéssemos levado-a conosco, não conseguiríamos derrotá-los na segunda tentativa.
- Então eu errei na estratégia, o que evidencia ainda mais a minha culpa.
- Sempre tivemos ministros de guerra. Excalibur, e agora Marina. Não é o seu forte, meu bem, se martirizar não vai resolver os problemas.
- Eu sei. Se tudo é tão lógico amor, por que vocês tentaram de novo? Qual a chance de dar certo se estavam mais cansados, mas feridos?
Valquíria não respondeu.
Babar olhou para o alto e completou:
- Por que acreditaram que ia dar certo, por isso tentaram novamente. Não sabiam que o Quartzo Azul estava por perto. Fizeram isso por vocês mesmos, é essa a magia do Mundo Fafito.
Conrado entrou na sala com Juanito.
- Desculpem a demora.
- Tudo bem. Como se sente Juanito?
- Muy bien. Ahora faço parte da equipe médica.
- Ensinou o poder de cura para ele? - Perguntou Valquíria surpresa para Conrado.
- Não. Eu curo e ele supervisiona. - disse com estranheza.
O coelho sorriu.
- E onde está Liah? Precisamos que curem Morgana. Eu passei uma missão para ela, e precisa estar em boas condições para executa-la.
- Vá cura-la primeiro Conrado. Eu aguento mais um pouco.
- Ela já está vindo, majestade, e se me permitem gostaria que Liah cuidasse da Mestre. Ainda não estamos muito bem.
Babar e Valquíria se entreolharam.
***
Um pouco antes disso, Conrado ainda estava com Liah que conversava enquanto ele a curava.
- Conrado... eu acho que tem um garoto gostando de mim.
- Ah Lili... Excalibur não gosta de ninguém.
- Não! Não to falando daquele idiota.
- E então?
- Olha, desculpe me abrir com você, nem sei se entende essas coisas. - Disse ela com o olhar de reprovação do menino. Ela continuou. - Mas Valquíria, coitada, é a rainha. Está cheia de problemas. E Morgana é fria demais para falar sobre isso. Ela ia me achar uma idiota.
- Ela me acha idiota também e eu nunca conversei sobre meu coração. Mas enfim, você gosta dele? Achei que gostasse do dragão bad boy.
Liah corou.
- Ele é legal e bonito também... - risos. - Se preocupa comigo.
- Excalibur também se preocupa.
- Ele não dá a mínima. Fica me ignorando por que tem 600 anos a mais do que eu.
- Você está vermelha? - disse ele rindo.
- Por que todos tem um problema quanto a minha cor? Racismo dá cadeia, sabia?
- Não, não é isso. Tinha planos para nós dois, assim, quando eu crescesse.
- Hiiiiiii vai demorar.
- Não tem 600 anos a mais do que eu.
- Agora você tem concorrentes... Mais que um.
- Tenho vantagem sobre os dois. - Respondeu ele confiante e Liah ficou curiosa. - Imagino que queira ter filhos e bem, não vai dar. Coruja, dragão, coruja, cachorro, não cruza sabe?
- Não é um cachorro, é um lobo e eu posso me contentar com as lambidas.
- É melhor mudar de assunto. Me conta uma daquelas histórias sobre humanos que acreditavam em anjos e demônios.
- Por quê quer mudar de assunto?
- Por que seu affair está vindo aí.
- Por quê quer mudar de assunto?
- Por que seu affair está vindo aí.
- Como ela está?
- A minha pata... - gemeu Liah com preocupação.
- O que tem? Não está mexendo? - Perguntou Conrado, aflito.
- Está ótima!!- disse ela sorrindo, deixando Conrado bravo e Efito feliz.
- Achei que queria ficar sozinho amigo!! - Questionou Juanito.
- Quando disse sozinho, quis dizer sem você. Por que me seguiu?
- Yo fiquei preocupado com usted.
- Vem Juanito. Quando disse sozinho, ele quis dizer a sós... com ela.
- Mas...
- Vamos, eu deixo você ser meu assistente na equipe médica. - Insistiu Conrado e o coelho respondeu:
- Arriba!! Sí!! Mas só se yo for lo supervisor.
Conrado faz cara de desanimado, mas concorda. Quando saem, o coelho diz para Liah:
- El Efito adora los biscoitos.
- SAI DAQUI!! - Grita Efito enquanto os dois saem rindo e correndo.
Liah deitada, sorri e pergunta:
- Gosta de biscoito?
Sem graça, o lobo responde.
- Sim...
- É... eu também.
Os dois sorriem meio bobos.
- E a pata, tá boa mesmo?
- Quer que eu te mostre?- diz ela apontando as garras.
- Pode ser, eu gosto de carinho.
- Por que tratou seu amigo mal?
- Pois é, viu como ele ficou magoado?
- O fato de não demonstrar não significa que ele não sente. Talvez essa euforia seja apenas para esconder que ele sente tanta dor por perder o amigo quanto você.
Efito ficou calado. Deitou-se com a cabeça sobre as patas da frente. Liah se levantou e sentou-se sobre as patas ao lado dele.
- Perdeu um amigo.. não deve ser fácil. Não que...
Ela foi interrompida pelo lobo que levantou e lhe deu uma lambida do pescoço até a cabeça.
- Ai... - risos. - Por que fez isso?
- Não sei... deu vontade.
- Você é meio instável. - disse ela esfregando a asa no pescoço.
- E isso é um problema?
- Gosto de estar perto de você... Se esse é o preço...
Então se abraçaram.
- E a pata, tá boa mesmo?
- Quer que eu te mostre?- diz ela apontando as garras.
- Pode ser, eu gosto de carinho.
- Por que tratou seu amigo mal?
- Pois é, viu como ele ficou magoado?
- O fato de não demonstrar não significa que ele não sente. Talvez essa euforia seja apenas para esconder que ele sente tanta dor por perder o amigo quanto você.
Efito ficou calado. Deitou-se com a cabeça sobre as patas da frente. Liah se levantou e sentou-se sobre as patas ao lado dele.
- Perdeu um amigo.. não deve ser fácil. Não que...
Ela foi interrompida pelo lobo que levantou e lhe deu uma lambida do pescoço até a cabeça.
- Ai... - risos. - Por que fez isso?
- Não sei... deu vontade.
- Você é meio instável. - disse ela esfregando a asa no pescoço.
- E isso é um problema?
- Gosto de estar perto de você... Se esse é o preço...
Então se abraçaram.
Apesar daquele momento de calmaria, todos no fundo sabiam que as coisas não estavam nada bem.
Por hora o rei tinha conseguido tempo. Era importante, mas não tinha ideia do que fazer caso os soldados do Mundo dos Sonhos invadissem suas terras novamente. E mais preocupante do que 'se' era 'quando.'
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