A Batalha começa agora

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

"O Monge, o sino e o dragão"

Você não sabe o que é estar doente de verdade.

Parte II

Tem três coisas que você precisa aprender sobre o Nepal.

A primeira é que é frio, muito frio. A segunda é que é longe. E a terceira é que é perigoso. Também podíamos dizer que é  longe, muito longe, frio e perigoso. E não estaria errado dizer que é longe, frio e perigoso, muito perigoso.

Uma cadeia de montanhas, altas e geladas. Depois de alguns dias, nos deparamos com uma ponte feita de madeiras e cordas, caindo aos pedaços. Laura parecia animada. Ela carregava uma espécie de bolsa feita de tiras de folhas, revestida com pele de lobo, felpuda e que conservava aquela gemada quente e viva.

Sinceramente eu não sei por que ela carregava aquele ovo. Chocava-o sempre que parávamos ou dormíamos. E harpias fazem isso com muita frequência. Irritante, muito irritante.

- Não é magnífico?

- Essa ponte velha?

- Não. Os humanos, os humanos eram magníficos.

- Por que fizeram essa ponte velha;

- Não é só isso, eles fizeram grandes coisas. A ponte velha é só mais uma delas. Como conseguiram construí-la aqui, no meio do nada? Com poucos recursos. Correndo perigo...

- Talvez eles realmente precisassem chegar do outro lado. - Disse, e perguntei. - Por que esse fascínio por humanos?

- Eu te disse que gosto de criaturas fortes.

- Sim os dragões fazem sentido mas... humanos?

- Os humanos matavam dragões. Nunca ouviu falar de São Jorge?

- O santo? Humanos acreditavam em anjos e demônios. Patéticos. Ei aonde você está indo?

- Também precisamos chegar ao outro lado. Tem uma ponte aqui? Será que eu preciso desenhar?

- Essa velharia deve ter mais de mil anos. Vai arrebentar assim que pisarmos nela.

- Aí nós voamos, dãn!!!

- ...eu não posso.

- Para de ser idiota, eu disse que...

- Eu não posso voar.

E pela primeira vez eu parecia assustado para aquela ave. Seus olhos grandes ficaram tremulosos, olhando para mim como se não acreditasse no que eu tinha dito. Então questionou-me:

- Eu já te vi voando.

- Olha eu não voo. Apensas salto e sou rápido demais para cair no chão, me movendo além da velocidade das partículas que formam o ar. Mas em algum momento a gravidade me puxa de volta. Por acaso está vendo asas em mim.

Ela caiu sentada, incrédula. Olhou de novo para a ponte. O vento gelado passava por nós, ecoando por cima das montanhas vazias. Nevava um pouco naquele momento.

- Talvez se passarmos rápido nós...

- Esquece, não vamos por esta ponte. O abismo vai me matar.

- Mas o seu pai está do outro lado!

- Como pode ter tanta certeza?

- Eu já vim aqui antes. - falou Laura com a voz baixinha.

- Já veio aqui? Veio aqui fazer o que?

Ela demorou um pouco para responder. Voltou a inflar o peito e disse:

- Vim fazer uma oração. Pedir alguma ajuda para seu pai. Ele não falou comigo, mas eu soube que tinha valido a pena ir até ele. Quando voltei, bem... eu encontrei você. Eu acho que ele queria que eu encontrasse você.

Eu fiquei parado pensando o quanto aquele pardal era estúpido.

- Então é hora de agradecer a graça alcançada.

- Você não é só idiota, mas burra também. Eu sou doente, eu sou mortal. Se eu cair nessa altura não vou sobreviver.

- Você acha que é doente por ser mortal? Minha nossa, você não sabe o que é ser doente. Vamos.

Ela seguiu na frente e a ponte só balançava com o vento. Quanto pesa um passarinho? Alguma coisa entre muito pouco e quase nada? Eu respirei fundo e... pus a primeira pata. Talvez ela tivesse razão... se formos rápidos...

Comecei a correr aqueles trezentos metros e na metade da corrida, a ponte arrebentou.

- EXCALIBUR!!!  -gritava ela, batendo suas asas enquanto eu despencava.

Fui despencando em câmera lenta, junto com aqueles pedaços de madeira apodrecidos, e flocos de neve.

Tudo me passava pela mente. Morrer, assim? Sem nenhum objetivo atingido, sem nenhuma vingança conquistada, sem ter feito porra nenhuma?

A sombra daquele pássaro azul na luz do sol desapareceu. E eu fechei os meus olhos para não ver a morte chegar.

Mas de repente, parei de cair. Suspenso numa corrente de vento que me segurava no meio do nada.

Olhei para baixo e lá estava ela.

Batendo suas asas desesperadamente, criando um tufão de vento que me contia suspenso no ar.

- VOCÊ DISSE QUE CONSEGUIA SE MOVER MAIS RÁPIDO DO QUE O AR!!! PEGA A CORRENTE DE VENTO E SE MOVE PARA CIMA!! DEPRESSA!! EU NÃO VOU AGUENTAR... AH... EU NÃO VOU AGUENTAR POR MUITO TEMPO!!!

Eu não podia acreditar. Por que ela estava fazendo aquilo? De onde veio todo esse poder...

- VAI!!!

Eu segui sua orientação. Movi me em espiral, fui subindo até ficar mais alto o suficiente, acima do ponto onde a ponte foi construída, para de lá saltar e aterrizar no outro lado do penhasco. Exausto.

Fiquei lá de barriga para cima olhando para o céu. O coração disparado, a boca seca, estático.

Alguns segundos depois ela pousou, quase morta. As penas encharcadas de suor.

Ficou olhando para mim e começou a rir. Eu ri de volta e estávamos a gargalhar.

Do nada ela parou e começou a vomitar, e quando se mexeu, o ovo se soltou da bolsa e saiu rolando.

Rolando, rolando, sob os olhares perplexos dela, rolando e rolando, até cair no penhasco.

Ela não podia se mexer.

Eu não sei por que, tinha acabado de quase morrer, mas corri e me lancei no desfiladeiro.

Peguei o ovo com uma mão e cravei as patas na parede de pedra, levantando poeira e destroços até parar de cair.

Coloquei o ovo na boca e comecei a subir, escalando, me perguntando por que fiz aquilo.

Ela estava na ponta, me vendo subir, chegar, lhe entregar o ovo e desabar de costas no chão.

Laura olhava para mim, olhava para o ovo e ninguém era capaz de dizer nada. Só o barulho do vento e de nossas respirações ofegantes se manifestavam. Até ela falar uma única palavra:

- Obrigado.

Não respondi.

Seguimos andando em meio a uma tempestade de neve. Devíamos parar, mas a ave insistia, respirando com dificuldade. Até que ela caiu e vomitou.

- O que você tem?

- Eu to enjoada... é só isso.

Coloquei a pata sobre sua testa.

- Você está com febre. Está desnorteada, estamos andando em círculos há horas.

- As montanhas... são parecidas...

- Está perdida!! O que está acontecendo?

Ela sorriu sem mal conseguir abrir os olhos. Estava acabada. Então confessou que nunca estivera ali. Que já tinha ido atrás da tal estátua de meu pai, mas não conseguiu localizar e desistiu.

- Sua vagabunda!! Você me trouxe para o meio do nada. PRA NADA!!

- Eu sei que... sei que seu pai... está por aq...

Ela desmaiou. Minha vontade foi de deixar ela ali para morrer e ir embora. Sempre foi um sonho, uma obsessão me vingar do meu pai. E naquele momento eu estava tão perto e ao mesmo tempo tão longe, e tudo por culpa de Laura. Fiquei confuso, enlouquecido de raiva. Cuspi rajadas de fogo para cima, em desespero.

Por fim, deitei o meu corpo em cima do dela como um caracol. Também estava cansado. Ficamos quietos esperando a tempestade passar e o dia amanhecer.

Com os primeiros raios de sol, ela abriu os olhos. Deu de frente com os meus.

- Estava me olhando dormir?

- Estava pensando em por que não te matar.

- Você é demais... ai eu não to bem.

- Por que me trouxe aqui? Nem tinha certeza do que está fazendo. Você é louca?

Ela olhou para o pico das montanhas e respondeu:

- Eu sei que o seu pai está mesmo aqui. Não consegue sentir uma coisa grandiosa que não sabe explicar?

- A única coisa que estou sentindo é ânsia pelo cheiro do seu vômito.

- Você acha que é doente por ser mortal e mata e destrói tudo ao redor para se sentir vivo. Eu estou de fato morrendo e estou fazendo tudo que posso para que minha vida tenha valido a pena.  - Ela olhou para mim e completou. - Estou morrendo Excalibur... eu tenho câncer, e estarei morta em pouco tempo. Talvez daqui um mês... talvez agora.

Aquilo me destruiu por dentro. Aquela notícia de que a harpia iria morrer. Vieram tantas dúvidas a minha mente, mas principalmente, veio medo. Medo de perder. Eu não sei o porque. Olhei para o lado e fingi não me abalar. Mas queria dizer que me importava, pois eu realmente me importava.

- Esse câncer... é uma doença letal?

- Fica tranquilo. - Risos. - Não é contagioso. Apenas uma coisa que vai se espalhando e contaminando seus tecidos, suas células, até te corroer por dentro e suas funções vitais deixarem de agir.

- Entendo. Isso deve doer...

- Bastante. - Disse sorrindo com lágrimas nos olhos.

Eu me levantei, ergui a cabeça e falei:

- Então não temos muito tempo. Vamos andando.

- Para onde Excalibur?

- Eu acho que senti essa sensação grandiosa que você falou. Acho que sei onde meu pai está.

Seguimos por todo o dia subindo o monte mais alto. O dia estava para acabar quando chegamos no topo. Ao centro um elevado coberto de neve me chamou a atenção. Eu cuspi uma rajada de fogo que perdurou por alguns instantes. Quando o fogo se esvaiu, e o vapor evaporou, lá exibia o brilho daquela estátua opaca segurando um sino e na ponta um balanço, onde um monge se mexia com o ressoar do vento.

Os olhos de Laura brilharam de alegria. Ela se emocionou. Tinha finalmente encontrado o Rei dos Dragões da Família Excalibur. Eu apenas o encarava sem expressar nada. Era o meu pai... mas era um estranho para mim.

- Esse fogo... essa essência... é um Excalibur. Filho? Aproxime-se.

A estátua não se mexia. A voz de Magenta Excalibur parecia vir do céu, como se um espírito falasse conosco. O Sol estava se pondo e emitia um tom roseado, colorindo toda aquela terra de neve e rochas.

Nós nos aproximamos e ele continuou:

- Eu sei que é um membro de minha família. Mas esse fogo frio, triste, solitário? Quem é você.

- Sou o filho que o senhor abandonou para a morte.

Houve silêncio. Então perguntou:

- Plutão?

- O nome dele é Soul Excalibur. Plutão não faz parte da família. Não é um dos seus planetas.

Laura falou por mim. Eu não tinha muita reação. Não sabia ao certo o que iria acontecer. Mas então falei.

- O senhor sabe por que estou aqui.

Mas a ave interrompeu nosso diálogo.

- Espere aí! O céu está rosa? O senhor é gay?

Meu pai e eu ficamos sem entender.

- Por isso seu nome é Magenta... O senhor É GAY!!

- Eu... sou... espada.

- Então querido, corta pros dois lados.

- Quem é essa gralha maluca?

- É meu animal de estimação. Não mude de assunto, sabe o que eu quero, sabe por que estou aqui.

- Você quer poder. Pra se vingar da sua família, bem, dos seus irmãos eu imagino. Acredito que já deve ter visto que contra mim, não há mais nada o que fazer. Passar a eternidade aqui, isolado do resto do mundo. Imóvel. Sua chama foi a melhor sensação que senti em seiscentos anos.

- O senhor vai me ajudar, por que assim vai estar se vingando deles também. - Disse eu com determinação.

Aguardei mais um tempo por sua resposta.

- Entendo. Eu guardei minhas últimas energias para algo especial. Então esse momento surgiu. Vou lhe ensinar uma técnica. Eu não tinha certeza, mas eu torcia para que estivesse vivo. Afinal de contas, você é um Excalibur. - Fez uma pausa e prosseguiu. - Filho... apenas observe:

A estátua fosca começou a se iluminar, acumulando energia. O vento girava forte, mal se podia abrir os olhos.

E foi dali, do alto da montanha mais alta, que eu aprendi uma técnica extraordinária.

- Eu não tenho uma espada. Eu sou a espada, a força e o poder... eu sou...

"EXCALIBUR!!!!!!!!!!"

Seu corpo emitiu energia como uma explosão. Percorreu milhares de quilômetros. O vento, a luz, o calor.

Cortou na diagonal todas as montanhas ao redor.

Alguns segundos depois, as montanhas começaram a deslisar, desmoronando. 

O ataque acabou com a cordilheira. Restou apenas aquela montanha onde nos encontrávamos.

Laura permaneceu estática como se tivesse visto a coisa mais impressionante de sua vida. Na verdade, foi a da minha também. Mas eu fiquei quieto, esperando o som ecoante das rochas se partindo e rolando morro abaixo cessassem. Aguardando por instruções. Mas me veio um estralo.

- Foi um belo ataque. 

- Obrigado filho.

- Com esse poder, poderia ter derrotado todos os meus irmãos. Por que não o fez. 

- Eu... não podia. Eram meus filhos. Eu e sua mãe já guardávamos a dor e o arrependimento de ter te abandonado. Nós não tínhamos o direito de matar mais filhos. Nos rendemos.

Eu fiquei pensativo por alguns instantes. Surgiu uma esfera de ouro em baixo da minha mão.

- Soul... Os dragões possuem esferas sob suas patas onde acumulam todo o poder e sabedoria que recebem durante suas vidas. Normalmente é um presente dos pais. Me perdoe por não ter lhe dado isso antes. 

Eu olhei para aquela pequena bola enquanto ele seguia falando.

- Você deve derrotar seus irmãos, mas como deve saber, eles são imortais. Prenda-os dentro da esfera. Com o poder dos oito, será então uma das criaturas mais poderosas do universo. Poderá fazer tudo o que quiser. Isso é tudo o que eu posso fazer por você.

- Ele vai poder trazer o senhor de volta a vida? Excalibur? - Disse Laura olhando para mim.

Meu pai respondeu.

- Mas ele não vai fazer isso. Nem eu espero que faça isso.

- O senhor é um covarde meu pai. Foi um covarde abandonando um ovo recém nascido. E um covarde se rendendo para meus irmãos. Merece a sorte que tem. Adeus pai.

Me virei e fui andando. Laura ficou lá reclamando, inconformada com a forma com tratei meu pai. Estranho por que ela mesma vinha encorajando minha vingança desde o começo. Sentiu pena daquele desgraçado. Eu, nem um pingo. Nem ao menos estava agradecido pelos presentes, como se fosse uma obrigação ele ter me ensinado a técnica e dado minha esfera depois de tudo o que fez contra mim. 

Antes de ir embora, Magenta chamou Laura pelo nome. Não faço ideia de como ele sabia o nome dela, mas agradeceu por ela ter cuidado de mim. Quanta besteira. Bem, agora era ir para a Europa, pegar os infelizes de surpresa. Era minha única chance. Um único ataque. Eu não podia falhar.

Foi mais fácil ir embora daquele lugar. Era só decida. De pulo em pulo, com a harpia e o ovo nas minhas costas, atravessamos de continente até nos aproximarmos do Reino Unido.

Lá, ainda no continente europeu, no país que chamam de França, fomos interceptados. Uma Coruja fêmea acompanhada de um filhote pararam na nossa frente com tom imponente como se fossem alguém importante. Não para mim, claro, mas Laura os reconheceu:

- Pelo Mestre... É Morgana!!

- Quem?

- Sou Morgana e este é meu aluno Conrado, representamos a Ordem do Zero.

Minha cara de dúvida falava melhor por mim mesmo. Laura continuou com seu entusiasmo.

- A Ordem do Zero é um tipo de polícia internacional. Eles atuam mantendo o equilíbrio entre caos e magia.

- Não me interessa quem são esses palhaços, só quero saber o que fazem na minha frente.

- É óbvio que esse ogro não faz ideia de com quem está falando e...

- Conrado... - Repreendeu-lhe a Mestre. - Perdoe-nos, você é o Excalibur perdido, correto? Pois bem, é de conhecimento de todos que você busca por vingança e, possivelmente irá atrás de sua família.

- E o que vocês tem haver com isso?

- Excalibur... levantamentos da Ordem do Zero sugerem que você esteve hibernando por seiscentos anos. Então não deve saber como as coisas funcionam nos dias de hoje. A Família Excalibur é o naipe de espadas das quatro grandes famílias de dragões. Um ataque a eles e todos os outros naipes virão atrás de você.

- Ela quer dizer que ir atrás deles é suicídio!!

- Ainda não faço ideia de por que isso é da sua conta de vocês e por favor, peça pra essa codorna infeliz não me dirigir a palavra. Não me interessa quem virá atrás de mim, apenas saim do meu caminho.

A coruja filhote se ofendeu (risos) mas a chefe insistiu na advertência.

- Excalibur, nossa função, minha e do meu aprendiz, que eu agradeceria se o senhor parasse de ofender, é manter o equilíbrio e a paz neste e em outros mundos. Seus irmãos já estão avisados da sua possível visita. A única coisa que queremos é evitar um inútil derramamento de sangue.

- Vão embora, corujas. Esse sangue não é o de vocês...

- Na verdade, caso ataque sua família, estaria causando um desiquilíbrio no universo com sua gama de ações negativas como vingança e assassinato. Neste caso, a Ordem do Zero entrará oficialmente com um pedido de prisão contra você. Vai ser caçado, preso, julgado e condenado por seus crimes. Então eu o aconselho a pensar duas vezes antes de seguir adiante com seu joguinho, dragão, ou você verá do que as codornas são capazes de fazer quando estão mal humoradas.

Morgana e Laura olharam espantadas para a pequena coruja. Eu apenas frisei em seus olhos. Sem dizer nada, passamos por entre os dois e seguimos andando. Conrado acreditou que entendemos seu recado, mas Morgana sabia que eu não me intimidaria. Laura também não. Deixamo-os para trás.

Chegamos a uma ilha menor. Era hora de tramar um plano:

- Preocupado meu bem?

- Não sei ainda como as coisas vão seguir daqui para frente. Não sei como vou derrotá-los.

- Vai precisar lidar com os outros naipes e com a Ordem do Zero depois disso.

- Eu só quero vingança... não me importo com o que vai acontecer depois.

Laura ficou pensativa, com o olhar distante. Então falou:

- Todos estão esperando por guerra certo? Então vamos surpreendê-los.  - Não fazia ideia do que a ave pretendia, mas seu sorriso malicioso foi retribuído por mim. - Olha só, eu vou na frente, anuncio sua chegada dizendo que você quer reencontrar seus irmãos de quem foi separado por seus pais, faço com que se reúnam para recebê-lo, e aí... você mata a todos com o poder de EXCALIBUR!!!

Nossa!! Eu estava impressionado. Como a quela ave era perversa. E parecia mais interessada em se vingar do que eu. Mas por qual motivo? O que ela ganharia com isso? Talvez ela achasse que caso me ajudasse na minha vingança, teria feito sua vida valer a pena.

Mas por um instante eu oscilei na minha confiança, e lhe disse:

- Eles estão em oito. Oito das criaturas mais fortes que já existiram. Acredita mesmo que posso derrotá-los com um único ataque?

- O seu pai destruiu uma cadeia de montanhas milenares com ele. Vai ser suficiente. Você precisa acreditar.

- Quer que eu minta e traia meus próprios irmãos? Me diga como isso pode me fazer diferente dos meus pais?

- Achei que o que importasse fosse só a vingança...

Essa garota era demais.

Mas a noite, tomada pela febre, Laura passou muito mal. Em um momento ela teve seu corpo todo tomado por uma tremedeira e se contorcia muito. Embora eu tivesse me desesperado e não saber direito o que fazer, esse ataque passou em alguns segundos, e ela ficou inconsciente.

Eu achei melhor mudar o plano. Ela estava muito doente, e se arriscaria demais. (Risos) E quem iria convence-la do contrário? Laura estava determinada a seguir em frente, e no dia seguinte lá foi ela.

Eu esperei um dia, conforme combinamos, e então, ao meio dia, cheguei a fortaleza construída por minha família.

Ao portão, fui recepcionado com uma salva:

- BEM VINDO EXCALIBUR PERDIDO!!

- Mas o quê?...

Estavam perfilados Nicolas, Russel e Jim, representantes dos naipes de Paus, Ouro e Copas, além de dos meus oito irmãos, com Júpiter a frente, sorridente e Terra segurando Laura, presa em uma gaiola.