A Batalha começa agora

sábado, 6 de setembro de 2014

Capítulo 17#

Pow! Pow! Pow!

Duzentos gigantes. Quatrocentos punhos socando incessantemente um escudo invisível que rodeava o Mundo Fafito.

Distante dali, próximo ao templo, perfilados, todos os habitantes do reino estavam imóveis, concentrando suas energias, suas forças vitais para manter aquele escudo de pé. 

O sol se punha e nascia novamente. Pequenas gotas de suor escorriam nos rostos de dois ou mais guerreiros. Após dois dias estavam encharcados. As veias saltavam para fora. Os olhos ficavam mais difíceis de se manter abertos. Sede, fome, exaustão. Não podiam para, não podiam se mover. A concentração de suas energias juntas era o que manteria o escudo ao seu redor.

Saga, Kanon, Juanito, Efito, Liah, Morgana, Valquíria e Babar. Oito heróis e apenas um desejo: "Que Conrado volta-se logo." Mas ele não voltava.

- Falta... pouco.. pessoal. A-aguente firme... - Murmurava Babar.

- Sim, meu rei. - Respondiam todos em seus pensamentos.

Era só mais um dia.

***

Dois dias antes.

***

- Minha antiga casa. 

Conrado acabara de chegar na Terra da Magia, através do teletransporte feito pelos Leões da Proteção.

Feliz, reencontrou com muitos amigos.

Mas em poucos minutos, empalideceu. E seu receio foi se tornando cada vez maior. A cada habitante do lugar com quem ele conversava, sua incerteza aumentava.

Ninguém nunca tivera ouvido falar de fada alguma.

Conrado visitou a Biblioteca. 

Lá, a regente o atendeu:

- Conrado, da Ordem do Zero!! Que satisfação meu garoto!!

- Olá, como vai a senhora?

- Bem, meu querido. Como você cresceu!!

- É. - risos - Já fazem alguns anos.

Após aquela nostalgia, ela perguntou o que o trazia de volta a sua terra de origem.

- A Terra da Magia nunca teve um líder. Um rei ou presidente. É um lugar onde todos são iguais e convivem em harmonia. Uma utopia viva. Estou correto?

- Não poderia estar mais correto, meu filho. Aonde quer chegar?

- Se houvesse alguém, um mentor, acha que ajudaria um outro reino que está em guerra?

- Acho difícil. Mas percebo que você veio atrás dessa pessoa.

- E pelo que vejo, ela não existe. Fomos enganados. Meu rei foi, na verdade. 

- Uma ilusão... entendo. Imagino que quem quer que seja que estejam enfrentando... é incrivelmente poderoso.

Conrado ficou pensativo.

- Tem algum registro sobre fadas em seus livros?

- Fadas? Eu conheço cada palavra, cada ponto e sinal descrito nessas escrituras de todos os livros. Infelizmente não conheço essa palavra.

- Mas que droga... 

- O que houve meu jovem?

- Preciso partir imediatamente. Meus amigos correm sério risco de vida.


***

Mais dois dias se passaram.

Conrado voava desesperadamente em direção ao Mundo Fafito. Passava naquele momento  pelo Vale Medonho da Morte. A seguir viria o Mundo dos Sapos e então, estaria em casa, sua nova casa.

Pensava a todo instante em seus amigos. Se estariam bem, se teriam resistido, pois toda aquela viagem não tinha valido a pena. 

Agora todos corria perigo pois depositaram suas últimas  esperanças no plano do rei.

Entretanto, o corpo falou mais alto que a vontade, e sem aguentar mais bater suas asas, ele pousou.

Ofegante, estava de cabeça baixa quando ouviu um ruído.

Olhou em volta. Nada viu se mover.

O Vale Medonho da Morte era um pântano, cheio de lama, pedras e árvores secas. Sombras eternas pairavam sobre aquele lugar. Não se via a luz o sol. Apenas o céu mais claro por ser dia, mas forrado de nuvens de chuva que também não caiam. A água alimenta a vida. E só morte poderia existir ali.

Outro barulho lhe chamou a atenção, dessa vez mais próximo.

Seu coração disparou. Com medo, Conrado começou a se mover.

Mas deu de frente com uma figura aterrorizadora!!

- OLÁ CRIANÇA?!

- N-não pode ser...

Foi dando passos para trás. Mas a suas costas apareceu outro espectro. E mais um ao seu lado. E do outro.

Estava cercado.

- Hora da vingança... - Espreitou uma voz irritante.

- Você não poderá escapar de nós. - Disse outro, em um tom forte e voraz.

O terceiro não disse nada. Os olhos enormes e brilhantes de Steve já amedrontavam por si só.

- V-vocês estão mortos...

- E NÃO HÁ LUGAR MELHOR PARA SE ESTAR DO QUE AQUI, FILHO. É HORA DE VOCÊ SE UNIR A NÓS TAMBÉM.

Conrado olhou de volta para Bruce, Steve, Flack e Sheldon também estavam com eles.

Com olhos apagados, cheios de um vazio chamado morte. 

Auras frias e os corpos decompostos, em estado de putrificação, alguns ossos estavam a mostra.

Sua mestre e duas das corujas mais poderosas que existiram não puderam fazer nada contra aqueles sapos em vida. O que ele poderia fazer sozinho contra os mesmos, ainda mais agora que estavam mortos?

Era um pesadelo.


Conrado tentou fugir, mas foi cercado. Correu em outra direção e novamente apareceu um sapo em sua frente. Estavam brincando com ele, rindo.

A graça acabou quando Bruce surgiu do nada e lhe acertou em cheio, jogando-o longe, e mais longe.

- Me-ferrei... de novo... - Dizia para si mesmo, enquanto arfava. - Estava guardando isso para um único momento. Terei que usar agora.

"Morgana... minha mestre. Estou no Vale Medonho da Morte, sendo atacado por figuras mortas de Bruce e seus mais fortes soldados... Preciso de ajuda ou.. aaaaaaaaaaaah!!!"

A transmissão desapareceu.

***

- Esperem todos agora!! Conrado fez comigo um contato telepático!!

Todos olharam de canto. Não podiam se mover ou tirar a concentração no foco da energia para manter o escudo.

- O que houve... Morgana? - Perguntou Babar

- Conrado foi interceptado no Vale Medonho da Morte. Sapos zumbis liderados por Bruce. Ele não vai conseguir sozinho.

- Bruce... mesmo depois de morto atravessando o meu caminho...

- Babar...

O rei olhou para Valquíria que lhe interrompeu o pensamento. Ele tomou uma decisão rápida, e na opinião de seus súditos, suicida.

- Eu entendo. Saga, Kanon!! Teletransportem Morgana, Liah e Valquíria para o Vale.

Todos ficaram chocados.

- Babar, sem nós o escudo não se manterá!! - Indignou-se Valquíria.

- É pior que isso, Saga e Kanon também terão de deixar o escudo para realizar a técnica.  O senhor, Juanito e Efito não irão aguentar dez segundos segurando o escudo sozinhos. - Completou Liah.

- Esse velho está ficando gagá!! O teletransporte é uma técnica de viagem única. Quer dizer que as corujas e Conrado só retornaram em um dia. Como vamos resistir até lá?

Após seu questionamento, Juanito olhou para Efito. Também estava de acordo.

- BASTA!! Que se rompa o escudo. Conrado está com problemas, mas ele porta a solução. Tudo depende dele chegar a salvo aqui. Vão as corujas ajudá-lo. O escudo será desfeito. Eu e quem estiver ao meu lado lutaremos por mais este dia. E quem não estiver, faça o favor de dar o fora daqui. Esse é o meu reinado, esse é o Mundo Fafito!!!!

Enquanto todos permaneciam em seus conflitos internos, a rainha pronunciou:

- É uma ordem soldados.

Saga e Kanon soltaram seus espíritos do escudo.

Se entre olharam e começaram a realizar a técnica.

Liah olhou para Efito, que olhou para ela de volta.

Seus olhares ficaram ligados até ela desaparecer em pós de cristais.

Naquele momento a barreira invisível se desfez em todo o Mundo Fafito.

Os gigantes da linha de frente tombaram, mas os subsequentes seguiram marchando.

Babar frisou o olhar. Levantou as patas dianteiras e as manteve no ar.

Ao pisar no chão novamente, tremeu-se toda a terra ao redor.

Ele saiu em disparada contra o exército sozinho.

Kanon, Saga, seguiram o.

- Rá tá tá tá tá tá!!!

Efito virou-se para Juanito que portava uma metralhadora de guerra.

- Vem conosco hermano?

O lobo baixou a cabeça. Olhou para o coelho e disse.

- Sobe. Vamos morrer, mas vamos morrer lutando.

***

No Vale Medonho da Morte, Conrado disparava seu ataque mais poderoso, o olhar da Medusa!

Um clarão se fez em todo aquele ambiente.

Mas quando a luz se dissipou, todos os sapos continuavam intactos.

- É UM FEITIÇO FORMIDÁVEL, MEU CARO. MAS SÓ FUNCIONA EM VIVOS.

- Eu já disse isso muitas vezes antes mas... acho que agora sim eu me ferrei de verdade.

Disse isso... e fechou os olhos.




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