Capítulo #2

Os passos rápidos de Babar anunciavam seu nervosismo. 

General Marina levou os olhos ao seu encontro, a medida que ele se aproximava até estar diante dela. Então perguntou:

- Como ele está?

- Imóvel - soltou o ar e balançou a cabeça. - Inacreditável! Ele é a criatura mais poderosa do Mundo Fafito.

- Há controvérsias. - disse entrando na sala Valquíria, a coruja rainha do Mundo Fafito. .- Há outras criaturas tão poderosas quanto, que aparentemente também não puderam fazer muita coisa para nos defender. - concluiu dirigindo o olhar para Marina, em questionamento.

- Eu lamento. Não pude detectar Dragon. Ele está envolvido em uma energia muito obscura.

- Sabe ao menos para onde ele levou o Quartzo Azul? - perguntou o Rei.

- Não Majestade. Apenas posso deduzir o óbvio... Ele o roubou para o Mundo dos Sapos.

- Deduzir? Ora, uma acusação dessas não pode ser baseada numa dedução!

- Val. - repreendeu-a Babar, após sua exaltação.

- Mas Babar?! Você sabe o que isso significaria!

- A Rainha tem razão, meu rei. Isso significaria...

Ele abaixa o olhar, se vira para o alto e responde.

- Guerra.

***

Em um outro ponto do Mundo Fafito,  Morgana e Conrado examinavam a imagem petrificada de Shura, junto com os também imóveis, Leões da Proteção.

- Tsc tsc, tão parecendo pedras!

- Não podemos fazer nada pelos Leões, Conrado. O brilho da vida deles vem do Quartzo. Sem ele, são apenas gárgulas aguardando por uma noite que não chegará.  Por outro lado, podemos despertar Shura.

- Podemos?!

- Sim. Na verdade, você pode.

- Eu? Como vou reverter um feitiço realizado por um dos Dragões mais poderosos que já existiu, Dragon? E por que você não o faz? Não quero questionar sua autoridade, mas eu ainda estou aprendendo as magias, não me parece o tipo de situação ao qual possamos nos dar ao luxo de falhar.

Morgana apenas sorri. Ela tem uma fala suave e muito séria. Então encara Conrado e diz de uma forma firme, clara mas que lhe passa confiança.

- A vida é uma escola, Conrado. Mesmo eu, mestre das magias brancas, estou sempre aprendendo. Entretanto, é hora de por seu treinamento em prática. Eu terei que partir em uma missão. Resta a você a responsabilidade de trazer Shura a vida. Sem ele, não resistiremos ao que está por vir e, como você mesmo disse, não podemos nos dar ao luxo de errar.

Ele apenas a olha assustado. Ela o abraça e sussurra em seu ouvido.

-  Confio em você.

Naquele momento, Babar estava numa situação muito difícil. 

As defesas de seu reinado estavam seriamente danificadas pelo furto da pedra, e por Shura estar fora de ação. 

Dragon era uma criatura incrivelmente forte para se mandar qualquer um a sua captura. Mas tirar outras forças do Mundo Fafito para concluir esta missão, só os deixariam mais fracos.

Haviam mais problemas. Dragon é egoísta e sempre buscou por poder. Mas como Shura tinha lhe dito, o Quartzo Azul só concede poder as criaturas do Mundo Fafito, ou seja, sua única intensão foi de deixa-los enfraquecidos. Mas por que faria isso?

E por fim, no caso de ter agido por sua própria vontade, quer dizer, sem ter sido enviado pelo Mundo dos Sapos, a partir do momento em que entrasse em seu território, segui-lo poderia sugerir uma invasão, e os sapos poderiam entender como um ato hostil e contra atacar.

 - Uma guerra, logo agora com as defesas vencidas? - pensou alto.

- Não vai haver guerra. - disse Valquíria e prosseguiu. - Eu vou atrás de Dragon. Eu e as corujas. 

- O que? Está louca? Eu não vou permitir que se arrisque!

- Querido, quem mais tem poder para enfrentar Dragon? Talvez você? Mas o rei não pode se ausentar, só aumentaria a crise e a insegurança deste lugar.

- Valquíria, não!

- Majestade, permita-me...

- Não! Eu já disse, não! Se Dragon agiu sozinho, invadir o Mundo dos Sapos numa caça a ele só vai aumentar a tensão entre nossos mundos e evidenciar um ato de guerra. Vocês serão interceptadas e terão que lutar contra os sapos. E eles mandarão os mais fortes.

- Eu sei disso, meu bem. Mas se Dragon veio a mando dos sapos, eles é quem cometeram um ato de guerra, e nós teremos que batalhar do mesmo jeito. Não há outra opção.

- Eu não vou deixar você ir ao encontro daquele cara. - diz ele baixinho

- O nome dele é Bruce, e isso não tem nada haver com nós três. Estamos falando de Mundos, de vidas.... e você sabe que só eu posso evitar essa guerra.

Babar se acalma, entristecido. A tartaruga o consola com sorriso modesto. Ele sem querer se emociona e fala a Valquíria, olhando em seus olhos, um pouco antes de abraça-la:

- Tome cuidado... eu não quero te perder. Não de novo.

Ela sorri e dá uma dá uma piscada.

- Fique bem.

***

Liah estava se equilibrando sobre um tronco quando Valquíria chega gritando!

- ATENÇÃO! SEN-TIDO!!!

- Aaaaah! - Ela se assusta ela e cai de pernas por ar.

Morgana ri, ela e Liah estavam aguardando Valquíria retornar da reunião.

- Levante-se sua gralha maluca - Diz ela sorrindo e continua - Meninas... vamos a uma festa!!!

- Uhu!! - Todas comemoram.

***

Enquanto voam, Liah pergunta a Valquíria:

- E aí, cê chega essa hora da noite botando banca e tal... - risos - Qual é o lance?

- Pensei que a sensitiva aí já tinha te contado.

- Sou uma bruxa, não um jornal - retruca Morgana, e todas riem. Ela segue de forma mais séria: - Estamos indo atrás de um dos inimigos mais poderosos que já existiu. Não é anormal imaginar que há grande chance de não voltarmos com vida.

 - Ah... é só isso? Bom então é bom falar pra esse inimigo de araque que eu to chegando com ninguém mais, ninguém menos que a Rainha do Mundo Fafito, Valquíria, e com a coruja sensitiva mais poderosa que já existiu, minha parça, Morgana!

- Além da tagarela mais louca a habitar nossos corações. - e todas dizem ao mesmo tempo - LIAH! - Valquíria continua com serenidade. - Não é só isso. Se Dragon veio a mando dos sapos, quer dizer que teremos mais companhia.

- Eu mencionei que a rainha é ex-namorada do chefe dele? - brinca Liah recebendo um olhar mortal de Valquíria.

- Chegamos - avisa Morgana quando elas avistam Dragon, carregando o baú com a pedra de gêmeos.

Elas descem a frente dele.

- Ora, vejam só... alguém deixou a porta do galinheiro aberta.

- Calado seu miserável de uma figa! E devolva agora mesmo o Quartzo Azul!! - Ordena Liah.

- Eu não acredito que mandaram meia dúzia de passarinhos me deter. Não viram o que fiz com meu irmão? Acham que tem alguma chance contra mim?

As corujas fecham a cara.

Valquíria frisa o olhar, sorri e diz:

- Veremos, Dragon... Que comece a festa!!